A Sobrecarga Invisível das Mulheres Modernas: Um Olhar Psicossocial e Científico
Nos dias atuais, as mulheres enfrentam uma enorme pressão para equilibrar múltiplos papéis – desde o trabalho profissional até as demandas familiares e sociais. O que inicialmente parece ser uma conquista de igualdade acaba, muitas vezes, se transformando em uma fonte de sobrecarga emocional e física. Esta sobrecarga não se refere apenas à quantidade de tarefas que as mulheres realizam, mas também à carga mental e emocional que carregam.
Neste artigo vamos falar mais sobre essa sobrecarga e seus contextos sociais e culturais, vamos lá?
O Contexto das Mulheres Modernas
Nas últimas décadas, as mulheres passaram a ocupar uma posição mais ativa no mercado de trabalho e em outras áreas da sociedade. Segundo dados do IBGE, a participação feminina no mercado de trabalho passou de 38,5% em 1990 para 45,8% em 2020, sendo um marco de avanços na igualdade de gênero. Contudo, esse progresso trouxe consigo um fardo invisível. As mulheres, além de trabalharem fora, continuam sendo, em muitos casos, as principais responsáveis pelas tarefas domésticas e cuidados familiares. O termo “segunda jornada” cunhado por Hochschild e Machung (2012) ainda é extremamente atual, referindo-se ao conjunto de tarefas realizadas por muitas mulheres após o expediente de trabalho.
Ademais, o conceito de “perfeccionismo socialmente imposto” descrito por Santos (2018) destaca a expectativa de que as mulheres sejam bem-sucedidas em múltiplas áreas de sua vida, criando uma constante sensação de insuficiência. Elas sentem a pressão para equilibrar as responsabilidades profissionais, familiares e sociais, enquanto ainda se espera que se mantenham saudáveis, felizes e em conformidade com padrões estéticos.
O Que é a Sobrecarga?
A sobrecarga emocional pode ser entendida como o acúmulo de pressões e responsabilidades que afetam negativamente o bem-estar mental, físico e emocional das mulheres. De acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA, 2020), a sobrecarga é caracterizada por uma exaustão física e emocional decorrente de demandas excessivas. Esse conceito é amplamente discutido no modelo de demandas e recursos no trabalho (JD-R model), apresentado por Bakker e Demerouti (2007), que identifica que o desequilíbrio entre as demandas do ambiente e os recursos disponíveis pode levar ao esgotamento emocional.
A carga mental também é uma parte importante dessa sobrecarga, e Daminger (2019) descreve a carga mental como a constante necessidade de planejar, organizar e monitorar as responsabilidades do dia a dia. Essas atividades, muitas vezes invisíveis, exigem grande esforço cognitivo e emocional, impactando a saúde psicológica das mulheres.
Como Identificar a Sobrecarga?
A sobrecarga pode se manifestar de diferentes formas. De acordo com Maslach e Leiter (2016), os sintomas de sobrecarga incluem:
- Fadiga persistente: Mesmo após períodos de descanso, a pessoa continua se sentindo exausta, o que indica um sinal de esgotamento emocional.
- Irritabilidade e impaciência: Mulheres sobrecarregadas podem ficar mais irritadas e com pouca paciência para situações do dia a dia.
- Dificuldade de concentração: A sobrecarga emocional afeta a capacidade de concentração, prejudicando tanto o trabalho quanto as interações sociais.
- Sentimento de insuficiência: A sensação de que, apesar de todos os esforços, nunca é o suficiente é um dos indicadores mais evidentes de que a sobrecarga está afetando a autopercepção e a autoestima.
- Problemas de sono: Distúrbios do sono são comuns entre mulheres que enfrentam sobrecarga, seja pela dificuldade em adormecer ou pela sensação de não ter um sono reparador.
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Consequências de Não Tratar a Sobrecarga
Se a sobrecarga emocional não for tratada, as consequências podem ser graves. De acordo com Selye (1956), o estresse crônico pode evoluir para a “síndrome de adaptação geral”, uma condição na qual o corpo perde sua capacidade de enfrentar o estresse, resultando em doenças físicas, como hipertensão e doenças cardiovasculares, e condições psicológicas, como ansiedade e depressão. Beck e Clark (1997) também destacam que o burnout emocional prolongado pode ser um precursor de transtornos de humor, como depressão, resultando em uma deterioração ainda maior da qualidade de vida.
Além das consequências para a saúde mental, a sobrecarga prolongada também pode afetar os relacionamentos interpessoais. Cohen e Wills (1985) ressaltam a importância do suporte social como um fator protetivo contra o estresse. Quando esse suporte não está disponível ou é insuficiente, os efeitos da sobrecarga podem levar a conflitos familiares e distanciamento emocional.
Estratégias da Psicologia e de Gestão para Lidar com a Sobrecarga
Lidar com a sobrecarga emocional exige tanto abordagens psicológicas quanto estratégias de gestão da vida diária.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): A TCC, desenvolvida por Aaron Beck, é uma das abordagens mais eficazes para ajudar as mulheres a desafiar crenças disfuncionais, como a ideia de que “preciso dar conta de tudo sozinha”. A terapia ajuda as mulheres a identificar padrões de pensamento negativos e a substituí-los por pensamentos mais realistas e saudáveis.
- Mindfulness: A prática de mindfulness, descrita por Kabat-Zinn (2013), oferece uma abordagem eficaz para reduzir o estresse, ensinando as mulheres a viverem no presente e a se desconectarem do piloto automático. Estudos mostram que a prática regular de mindfulness pode reduzir significativamente a ansiedade e a exaustão emocional.
- Gestão do Tempo e Delegação de Tarefas: No campo da gestão, técnicas de priorização, como o método Eisenhower, que classifica tarefas em urgentes e importantes, são ferramentas úteis para que as mulheres organizem melhor suas responsabilidades e deleguem tarefas sempre que possível. Isso alivia a sensação de sobrecarga.
- Suporte Social: A criação de uma rede de apoio, seja por meio da família, amigos ou colegas, é fundamental. Estudos mostram que mulheres com redes sociais fortes têm menor risco de desenvolver condições relacionadas ao estresse.
A sobrecarga emocional das mulheres modernas é um problema sistêmico, enraizado em expectativas sociais e culturais que exigem múltiplos papéis e resultados. O reconhecimento desses sintomas e a adoção de estratégias de enfrentamento são essenciais para evitar consequências graves à saúde mental e física. O caminho para uma vida mais equilibrada passa pelo autocuidado, pela divisão justa de responsabilidades e pelo reconhecimento de que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, mas de sabedoria.
Pedir ajuda é um ato de coragem!

Se você é ou conhece alguma mulher que esteja passando por todos os sintomas da sobrecarga, então talvez a melhor solução seja encontrar ajuda especializada!
Eu me chamo Thainá Durães e sou psicóloga clínica especialista no tratamento de mulheres sobrecarregadas e exaustas. Em meus atendimentos costumo utilizar a terapia cognitivo comportamental (TCC) e a chamada terapia do esquema para conseguir ajudar mulheres a se encontrar dentro das suas rotinas e assim, viver uma vida mais leve e feliz.
Caso isso te interesse, basta enviar mensagem no número (91) 99241-2604 que estarei contente em te receber nos meus atendimentos.

Thainá Durães
Thainá Durães é Psicóloga Clínica e organizacional com especialização em gestão de projetos e pessoas (FGV) e terapia cognitivo Comportamental (PUC-RS). Também tem formação em inteligência emocional (Search Inside Yourself), Mestranda em Comunicação, Linguagem e Cultura e Instrutora de Mindfulness (UNIFESP).
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